I O quadro de pintura abstrata. A música ambiente de um grupo brega qualquer. As revistas na mesa de centro com manchetes da vida de famosos. Duas ilhas, na incontinência de seus anseios. Parecia que, dos quinze minutos que esperavam, duas horas se passaram. - Senha P93. Preferenciais costumavam ser pessoas que necessitavam de abraços sociais. Preferenciais eram os idosos. Os deficientes físicos e intelectuais. Os obesos. Os pacientes com câncer terminal. Gestantes, no entanto, não estariam em um lugar como aqueles. Olhou o papel que segurava: P95. II A demanda sufoca um artesão. Pedissem à DaVinci uma Monalisa na angústia de uma semana, lhe entregaria uma peça manca, de olhares tortos, meia acabada. O lucro sobrepõe a condição de entregar ao cliente o que lhe é de direito. Aos poucos, as partes se acostumam. Assim é o capitalismo. Saiu como NDR4000. Versão beta com paths de atualização que lhe transformariam no NDR7800. Um preguiçoso, deitado no sofá, também po
Eu e o filósofo e doutor em Linguística Anderson Ferreira acabamos de publicar um artigo que analisa a décima de Gregório de Matos, Outra pintura em sombras desta dama, com o intuito de examinar as estratégias de (des)cortesia nos enunciados desenvolvidos por esse gênio da Literatura Barroca. Estamos carecas de saber que nossa herança cultural não privilegia muito outras etnias, que não as europeias. Dessa maneira, não seria nenhuma surpresa identificarmos que Gregório de Matos tematiza a beleza de uma formosa dama de seu tempo, com as formações discursivas que direcionam as vozes do poder local no Brasil colonial do século XVII: o homem, o branco, o aristocrata, o acadêmico. No entanto, não crucifiquemos o pobre Gregório. Como um bom Barroco, gosto de enxergá-lo como um sujeito cinzento, demaziado humano, com uma sensibilidade invejável em sua época. Sem dúvida, um dos grandes gênios de nossa cultura antropofágica. Gregório de Matos funde, neste poema, erotismo e religiosi